http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/143533/O-sentimento-nacional.htm
O Brasil só começou a se pensar como pais, como
nação, como povo, a partir da chegada do Getúlio ao poder. Antes, vivíamos para
fora e desde fora. Economia exportadora e importadora, sem produção nacional,
sem mercado interno importante.
Se pensar como país é concomitante a ter
sentimento nacional, ter auto estima. Não foi por acaso que Fernando Collor e
FHC atentaram fortemente contra a nossa autoestima, para poder implementar o
modelo econômico mais antinacional e antipopular: o modelo neoliberal, que
escancarava o país para a exploração externa.
Collor atacou os servidores
públicos como “marajás” e os carros produzidos aqui – como metáfora de toda a
indústria – como “carroças”. FHC atacou os servidores públicos e os aposentados
como “preguiçosos”. Para isso, FHC disse que ia “virar a página do getulismo”,
porque queria liquidar o sentimento nacional e as conquistas dos
trabalhadores.
A vitória do Lula e o sucesso do seu governo foram o
maior incentivo à autoestima dos brasileiros, a que nos repensemos como país no
mundo, como tipo de sociedade que queremos e podemos construir. Ter orgulho de
novo de ser brasileiro é a alavanca para todos os outros avanços do
país.
Todos os grandes movimentos populares de transformação do mundo
tiveram um componente indispensável no sentimento nacional. A Revolução Russa se
fez, também, como reação ao avassalamento do país, derrotado na guerra contra o
Japão e tornado servil aos interesses das grandes potencias imperialistas, a
Inglaterra e a França.
Posteriormente, a resistência soviética à invasão
alemã, a derrota do exército nazista e o avanço para derrubar o regime do
Hitler – o que mudou o curso da segunda guerra e da própria historia -, se fez
em nome da Grande Guerra Patriótica, como resistência do povo contra a invasão
alemã.
A Revolução Chinesa foi possível como desdobramento da expulsão da
invasão japonesa e da norte-americana, com um profundo sentimento nacional e
orgulho de serem chineses, que hoje eles voltam a exibir. A Revolução Vietnamita
foi uma revolução profundamente nacional nas suas origens, para expulsar os
norte-americanos e derrotar o regime fantoche que eles tinham instalado no sul
do país.
A Revolução Cubana foi, antes de tudo, uma revolução democrática
e nacional, contra a ditadura pró norte-americana do Batista. Da mesma forma que
a nicaraguense, contra a ditadura dos Somoza.
Esse componente nacional é
chave na disputa política e ideológica. O que provavelmente mais dói na direita
brasileira e nos seus aliados internacionais, foi a capacidade do Lula de
levantar bem alto o orgulho de sermos brasileiros, a possibilidade de que o país
dê certo, de que podemos e devemos seguir nosso próprio caminho, aliado aos
países da região e do Sul do mundo, sem nos subordinarmos aos EUA.
A
operação antibrasileira em curso atualmente, aqui dentro e desde fora do país –
tem o objetivo de destruir a imagem do Brasil do Lula. Do país que mais luta
contra a fome no mundo, que mais diminui a desigualdade, que cresce distribuindo
renda, que se afirma como país soberano. Para isso tem que difundir esse clima
de pessimismo, veiculado pelo monopólio antidemocratico da mídia.
Que o
governo é incompetente, corrupto, que tudo que é comandado desde o Estado não dá
certo. Que o país trilhou um caminho errado distanciando-se dos EUA e dos
modelos centrados no mercado. Que os salários são os responsáveis pela
diminuição do ritmo de crescimento e não a especulação financeira.
Em
suma, precisam voltar a derrubar a autoestima dos brasileiros, voltando ao
fatalismo de que não teríamos jeito. Quem contribui para isso, conscientemente
ou não, pela direita ou pela ultraesquerda – queimando bandeiras do Brasil,
torcendo contra a seleção, não valorizando todos os avanços na situação do povo
– faz o jogo da direita, dos retrocessos. Que somente são possíveis com um povo
desmoralizado, derrotado, sem auto estima, sem sentimento nacional.
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