http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Tempestade-em-copo-d-agua/7/30812
Os arautos do caos – a oposição neoliberal e
conservadora – não param de profetizar sobre a “tempestade perfeita” que estaria
prestes a desabar sobre a economia brasileira. Dia e noite, eles nos
bombardeiam, pela mídia, com previsões catastrofistas. Dizem que a inflação está
à espreita, que as expectativas de crescimento econômico são pífias, que o
desemprego está aumentando, as contas públicas estourando e a dívida
crescendo.
Quem lê tanta notícia negativa tem razão para se assustar.
Mas, quando se olha de perto os números reais da economia, percebe-se facilmente
que estamos diante de uma situação totalmente diversa, com estabilidade,
crescimento e queda do desemprego, mesmo dentro de um quadro de crise
internacional persistente.
De onde se conclui que a questão fundamental
é de natureza política, não econômica. O fato é que os conservadores buscam
interditar o debate sobre a política econômica, classificando como “populista”
qualquer desvio da ortodoxia econômica.
Vamos, então, aos números. De
acordo com apresentação feita em abril passado pelo Presidente do Banco Central
do Brasil ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social verifica-se uma
tendência de estabilidade nos principais indicadores econômicos da economia
brasileira.
Desde a crise financeira, o crescimento real do Produto
Interno Bruto (PIB), por exemplo, tem sido constante. Se considerarmos 100 o
índice de dezembro de 2007, ele apresenta uma curva ascendente desde 2009,
atingindo 117,7 no 4º trimestre de 2013. É mais ou menos a mesma curva da Coreia
do Sul. Para se ter uma ideia, o México, que também ostenta um PIB crescente,
atingiu o índice 110,2, os EUA, 106,3. Já na a área do Euro o índice é de
97,9.
Em relação ao desemprego, podemos verificar um verdadeiro mergulho,
do pico de cerca de 13% em 2003 para 5% no final do ano passado. Segundo os
parâmetros internacionais, esse índice configura praticamente uma situação de
pleno emprego.
Já as reservas internacionais estão estabilizadas no
patamar de US$ 378 bilhões desde 2012, enquanto que a dívida externa líquida
ficou em US$ 92,7 negativos no mesmo período, ou seja, somos credores externos
líquidos. Quanto aos investimentos estrangeiros diretos, desde 2011 eles estão
na faixa dos US$ 66 bilhões ao ano. Podemos supor, sem medo de errar, que se o
capital externo tivesse a mesma percepção que alguns setores do empresariado
brasileiro, não se arriscaria a continuar investindo no Brasil.
No que
diz respeito à política fiscal, a redução da dívida líquida do setor público
prossegue com sua longa trajetória de queda, de 39% em 2010 para cerca de 33% do
PIB em 2013. Esse resultado vem sendo obtido em razão de um superávit primário
acima da média dos países do G-20 (Grupo dos 20). Enquanto em 2013 o Brasil
atingiu um superávit primário de 1,9% do PIB, outros países do grupo tiveram
déficit, como Japão (-8,8); Reino Unido (-4,7%); EUA (-3,6%); França (-2,0%) e
México (-1,2%). Entre os que tiveram superávit primário, a Itália atingiu 2% e a
Alemanha, 1,7%.
E a inflação? Longe de estar fora de controle, a
projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) mostra que, do
pico de quase 17% em dezembro de 2002, esse índice caiu consideravelmente e vem
se mantendo estável, apesar de toda pressão, inclusive internacional, em torno
de 6%. É sempre bom lembrar que Lula recebeu de FHC uma inflação de mais de 12%
ao ano. É de se imaginar o tamanho escarcéu que a oposição, os neoliberais e a
direita fariam se, nos governos Lula e Dilma, o IPCA chegasse perto de tal
patamar.
A imagem do caos econômico ventilada pela oposição
conservadora não é a tempestade perfeita, mas uma tempestade em copo d’água – na
verdade, é uma tentativa de constranger o governo federal a abandonar os
mecanismos de política econômica voltados ao desenvolvimento econômico
sustentável e inclusivo, voltando a subordinar as ações do Estado às
necessidades do capital financeiro, principalmente especulativo.
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